Plano de aula
Conteúdo: Variedades Linguísticas
Modalidade / Nível de Ensino
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Componente Curricular
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Tema
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Ensino Médio
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Língua Portuguesa
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Outras expressões: poemas, vídeos
you tube, quadrinhos.
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Ensino Médio
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Língua Portuguesa
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Estudos literários: análise e
reflexão
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Dados da Aula
O que o aluno
poderá aprender com esta aula
- Compreender
que a leitura e interpretação são primordiais em todos os âmbitos da vida.
- Possibilitar
o conhecimento das variedades lingüísticas e ao não preconceito linguístico.
- Reconhecer
a importância de adequação da linguagem em diferentes contextos sociais.
- Perceber
aspectos semânticos em diversos textos e oralidades.
- Contar/narrar
textos em que transpareça estas variedades linguisticas e a adequação a
norma culta a escrita.
Duração das
atividades
Aulas 06 de 50 minutos
Conhecimentos
prévios trabalhados pelo professor com o aluno
Para que a presente aula se efetive de forma exitosa
é necessário conhecimento prévio as variedades lingüísticas.
Estratégias e
recursos da aula
"O que eu pediria à escola era
considerar a poesia primeiro como visão direta das coisas e depois como veículo
de informação prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo mágico,
lúdico, intuitivo e criativo que se identifica basicamente com a sensibilidade
poética".
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
O
modo de falar do brasileiro
Alfredina Nery*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Toda língua possui variações linguísticas. Elas
podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e
no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser
compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.
1) Em sociedades complexas convivem variedades
linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes
acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na
língua falada que na
língua escrita;
2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com
falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações
formais, informais ou de outro tipo;
3) Há falares específicos para grupos
específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais,
profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens,
grupos marginalizados e outros. São as
gírias e jargões.
Assim, além do português padrão, há outras
variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados
abaixo.
Variações
regionais: os sotaques
Se você fizer um levantamento dos nomes que as
pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita
gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de
evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o
"Grande Sertão: Veredas",
Guimarães Rosa, que traz uma
linguagem
muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:
Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno,
Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo,
O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O
Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O
Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O
Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.
Drummond de Andrade, grande escritor
brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística
relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.
Antigamente
"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e
muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os
janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas
ficavam longos meses debaixo do balaio."
Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda
língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o
português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na
época medieval.
Língua e status
Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo
prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por
pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para perceber que há
preconceito em relação a elas.
Inicie a aula questionando os alunos sobre:
O que é variedades lingüísticas?
Onde podemos encontrar estas variedades?
O que é preconceito lingüístico?
Neste momento, chame atenção para as supostas
respostas, investigando ainda mais cada um.
Atividade 01
Fazer a leitura em dupla dos seguintes poemas:
Texto 1
O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)
Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção
transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é
quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou
conhecida mesmo na Europa.
Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade,
que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".
Texto 2
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Questões para
serem resolvidas em dupla sobre os poemas:
1-
Quais são as variedades lingüísticas encontradas nos
poemas?
2-
Ao ler, de qual região o vocabulário é semelhante? Rural
ou Urbano?
3-
Nas cidades é possível percebermos estas variantes?
4-
Redija todas as variedades encontradas no exercícios
nº1, agora passe-as para a norma culta.
Após discutir as respostas, averiguando se alguma
conincidiu.
EXPLICANDO
Preconceito
linguístico
Origem: Wikipédia, a enciclopédia
livre.
Entende-se
como preconceito linguístico o julgamento depreciativo contra
determinadas variedades
linguísticas. Segundo a linguista Marta Scherre, o "julgamento
depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do
outro ou da própria fala" geralmente atinge as variedades associadas a grupos de menor prestígio social. [1]
Variação
linguística e preconceito
Da
mesma forma que a humanidade evolui e se modifica com o passar do tempo, a
língua acompanha essa evolução e varia de acordo com os diversos contatos entre
os seres pertencentes à comunidade universal. Assim, é considerada um objeto
histórico, sujeita a transformações, que se modifica no tempo e se diversifica
no espaço. Existem quatro modalidades que explicam as variantes linguísticas:
- variação histórica (palavras e
expressões que caíram em desuso com o passar do tempo);
- variação geográfica (diferenças de
vocabulário, pronúncia de sons e construções sintáticas em regiões
falantes do mesmo idioma);
- variação social (a capacidade
linguística do falante provém do meio em que vive, sua classe social,
faixa etária, sexo e grau de escolaridade);
- variação estilística (cada indivíduo
possui uma forma e estilo de falar próprio, adequando-o de acordo com a
situação em que se encontra).
Ligações externas
Assistir aos vídeos:
Considerando o vídeo, peça as duplas para
registrem as respostas das questões abaixo para discutirem com as demais
duplas:
1) Vocês gostaram do vídeo? Por
quê?
2) Quais elementos mais chamaram sua atenção nas cenas?
Justifiquem exemplificando.
4) Escolham com base na fala dos personagens e registrem dois
exemplos de frases que utilizam variedades lingüísticas.
ATIVIDADE 03
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Variedades lingüísticas
É por meio da
língua que o homem expressa suas idéias, as idéias de sua geração, as idéias da
comunidade a que pertence, as idéias de seu tempo. A todo instante, utiliza-a
de acordo com uma tradição que lhe foi transmitida e contribui para sua
renovação e constante transformação. Cada falante é, a um tempo, usuário e
agente modificador de sua língua, nela imprimindo marcas geradas pelas novas
situações com que se depara. Nesse sentido, pode-se afirmar que na língua
projeta-se a cultura de um povo, compreendendo-se cultura no seu sentido mais
amplo, o conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e
de outros valores espirituais e materiais e características de uma sociedade
transmitidos coletivamente.
Ao falar, um indivíduo transmite, além
da mensagem contida em seu discurso, uma série de dados que permite a um
interlocutor identificar o grupo a que pertence.
A entonação, a pronúncia, a escolha
vocabular, a preferência por determinadas construções frasais, os mecanismos
morfológicos podem servir de índices que identifiquem:
a) o país ou a
região de que se origina;
b) o grupo social
de que faz parte (o seu grau de instrução, a sua faixa etária, o seu nível
socioeconômico, a sua atividade profissional);
c) a situação
(formal ou informal) em que se encontra.
As diferentes maneiras de se “usar” uma
língua gera uma grande variedade lingüística.
Se alguém afirmasse “Esses gajos que
estão a esperar o elétrico são uns gandulos”, não se hesitaria em classifica-lo
como falante de Língua Portuguesa, em sua variante lusa.
Se por outro lado ouvisse “Se abanquem,
se abanquem, tchê!”, ficaria claro que se tratava de um falante de Língua
Portuguesa, em sua variante brasileira, natural do Sul do país.
O Brasil, em decorrência
do processo de povoamento e colonização a que foi submetido e devido à sua
grande extensão, apresenta grandes contrastes regionais e sociais, estes
últimos perceptíveis mesmo em grandes centros urbanos, em cuja periferia se
concentram comunidades mantidas à margem do progresso.
Um
retrato fiel, atual, de nosso país teria de colocar lado a lado: executivos de
grandes empresas; técnicos que manipulam, com desenvoltura, o computador;
operários de pequenas, médias e grandes indústrias; vaqueiros isolados em
latifúndios; cortadores de cana; pescadores; plantadores de mandioca em
humildes roças ; pompeiros que comercializam pelo sertão; indígenas.
Nos grandes centros urbanos, as
variantes lingüísticas geram entre os falantes o preconceito lingüístico, e
muitas pessoas são discriminadas por sua forma de falar. No entanto, alguns
escritores aproveitaram este fato para caracterizar as personagens que criaram,
pois perceberam a riqueza presente nas variantes regionais. Jorge Amado e
Graciliano Ramos enriqueceram a literatura brasileira com personagens marcantes
como Pedro Bala, Gabriela e Alexandre.
Desvincular o falante
de seus costumes e caracteres lingüísticos é afasta-lo de sua essência e
autenticidade.
1. Por
que, no Brasil, há grandes contrastes na utilização da Língua Portuguesa?
2. Qual a sua
opinião sobre o preconceito lingüístico?
ATIVIDADE 04
Os alunos neste momento produzirão um texto no
caderno, com tema livre em que cada um, utilizará de seus conhecimentos e experiências
para embasar suas exemplificações no decorrer da produção. Neste texto deverão
aparecer diálogos, personagens, etc.
ATIVIDADE 05
Após escolher as duas produções mais criativas e
dividir a sala em dois grupos em que cada um ensaiará para produzirem uma curta
metragem da história.
Os grupos farão edição do vídeo, para apresentar
na próxima aula.
A turma assistirá cada um dos vídeos, após farão
comentários, o que aprenderam sobre o tema,etc.
Referências